Criatividade, Colaboração e Inovação na Cultura Maker: o futuro é agora!

Verônica Carneiro
5 min readJul 7, 2020

A criatividade é uma habilidade inata do ser humano, que nos distingue dos outros animais, pois nos capacita a criar. Essa criação inclui solução de problemas, inovação ou produção artística. Essa habilidade inata do ser humano é a softskill mais valorizada e necessária, pois ela nos permite uma adaptação às amplas mudanças na economia e mercado de trabalho, causadas pela tecnologia. Então, estimular, desenvolver e aprimorar os processos criativos são fundamentais para a “sobrevivência” nesse novo cenário. Entretanto, muitas pessoas tem a crença de que a criatividade não pode ser trabalhada, que seria “algo sobrenatural fruto de uma mente brilhante”, contudo isso não é verdade.

A criatividade pode ser um processo complexo, dependendo do desafio ou problema que se deseja resolver, e envolve tanto aspectos racionais como emocionais. Para que qualquer processo criativo possa se desenvolver eficazmente é preciso um amplo conhecimento, autoconfiança, capacidade imaginativa e motivação. Essas características básicas podem ser continuadamente treinadas, através de diversos processos. Outra característica muito importante para o inicio do processo criativo é possuir uma mente flexível, para que as ideias fluam livremente. Pessoas rígidas, julgadoras e soberbas são menos criativas, pois estão emocionalmente fixadas a ideias, padrões de comportamento ou pensamentos.

Uma forma de se trabalhar, desenvolver e aprimorar a criatividade, num contexto mais pratico é através da cultura maker. O movimento maker ou cultura maker é baseada na transmissão de informação e no construir, reparar, prototipar e alterar objetos dos mais diferentes tipos utilizando as mãos, mas também apetrechos tecnológicos como impressoras 3D, cortadoras a laser e Arduino. Além da criatividade, o movimento maker trabalha a cooperação que desenvolve outras sofskills como relacionamento interpessoal, persuasão e comunicação eficiente.

A prototipagem e as versões beta são etapas importantes do processo de produção e inovação, seja um produto físico ou digital. São utilizadas metodologias ágeis, onde o protótipo ou versão beta é produzido e testado, para depois ser aperfeiçoado. Isso inclui a atuação de diversos grupos multidisciplinares e clientes participando ativamente do processo de criação. Como consequência, a produção do produto final é adaptável e fluida, podendo ser produzida apenas uma unidade ou uma série, com maior chance de satisfação dos clientes e equipe de produção. Essas etapas diminuem os custos de produção e o tempo gasto no processo.

“Para que a criatividade possa se desenvolver eficazmente é preciso um amplo conhecimento, autoconfiança, capacidade imaginativa e motivação”

Os ambientes colaborativos e inovadores em que a cultura maker se desenvolve como as hackerspace (locais onde se podem compartilhar interesses em tecnologia, conhecer e trabalhar nos seus projetos e aprender com cada um); makerspace (espaço de produção comunitário onde, diversos tipos de maquinas estão instaladas, e que pode ser mantidas por grupos de pessoas físicas ou instituições privadas ou públicas); techshops ( uma forma de makerspace, mas focado em desenvolver um produto rentável, os makers pagam uma mensalidade e compartilham da estrutura) e fablabs (plataformas que se pode resolver um problema local através de um apoio global, é um ambiente de aprendizado estruturado e colaborativo). Através desses espaços cooperativos e abertos a visitação é possível democratizar a tecnologia, aumento o acesso de máquinas à todas as pessoas. Também possibilitam a educação horizontal, ou seja, baseada na troca de experiências entre os envolvidos sem a hierarquização do ensino.

O movimento maker não tem apenas uma metodologia ou processo de produção e inovação criativa. Mas faz uso de metodologias presentes no design (como o design thinking, por exemplo), na arquitetura de sistemas (como o scrum, por exemplo) e robótica (produção digital de hardware). Como o foco está na produção, a parte teórica é deixada de lado e se “aprende fazendo”.

Outra questão muito interessante da cultura maker é a possibilidade de criação, a liberdade criativa, que só existe porque não há etapas tão fixas e nem a valorização do erro. Os erros são vistos como etapas do processo criativo, um incentivo ao aprimoramento e inovação continua.

Muito da cultura maker pode ser absorvido pelas escolas ou instituições de ensino (já se vê um aumento de aulas de robótica) através de algumas adaptações no layout da sala de aula, materiais específicos e também recicláveis (sucata, garrafas PET, papelão, CD, etc).

Como consequência da cultura maker é possível desenvolver hard skills como conhecimento das etapas do processo de criação e inovação, raciocínio lógico, resolução de problemas, aprendizagem por insight e flexibilidade adaptativa. A mente é treinada a resolver desafios de forma colaborativa e processual.

Além disso, o movimento maker cria novas possibilidades de negócio e produção de renda, como open design (permite a livre participação de vários designers e clientes nas diversas fases de criação de um projeto) e open source (o código-fonte de um software é aberto e pode ser adaptado para diferentes fins). São então criadas novas formas de lucrar, que não estão baseadas no controle da propriedade intelectual. É criado então um ecossistema ao redor do produto de propriedade intelectual livre, que podem então ser comercializados. Esse modelo de negócio tem como vantagens: menor de tempo de produção de um produto, maior criatividade e inovação, modelo ganha-ganha, descentralização do conhecimento e produção, e criação de novas startups que trabalham em parceria com grandes empresas, possibilitando novas formas de renda.

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TIPOS DE MODELOS DE NEGÓCIOS. Modelo de Negócio Aberto (artigo). em 29/08/2017 por DANIEL PEREIRA https://analistamodelosdenegocios.com.br/modelo-de-negocio-aberto/

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